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Jornalista Kenya Sade destaca importância da representatividade no entretenimento nacional: “Estar nesse lugar é sobre furar bolhas”

Um dos principais talentos negros da nova geração de jornalistas na televisão, aos 30 anos, Kenya Sade está conquistando cada vez mais espaço. Quem acompanha os principais festivais e programas musicais transmitidos pela TV Globo e nos canais fechados da emissora, já deve ter visto seu trabalho na cobertura de festivais como Lollapalooza, Rock in Rio e The Town, além de acompanhar Sade na TV aberta, como co-apresentadora do The Maked Singer Brasil, ao lado de Ivete Sangalo, onde soltou a voz em um dos episódios da última temporada, mostrando que o interesse pela música ultrapassa as fronteiras da notícia.

Em uma conversa com o Mundo Negro, Kenya Sade dividiu detalhes de sua trajetória profissional até se tornar referência no jornalismo musical e também compartilhou suas impressões sobre a importância de trabalhar na cobertura de festivais de diferentes estilos musicais, como o Circuito Sertanejo, que aconteceu no dia 13 de abril, em Londrina, no Paraná, com transmissão comandada por Sade e pela atriz Rafa Kalimann. Além disso, Kenya vai fazer a cobertura do show da Madonna na praia de Copacabana, RJ, no dia 4 de maio ao lado de Marcos Mion.

“Eu acredito que eu tenha furado uma bolha. E isso é muito importante porque eu estar nesse lugar enquanto comunicadora de entretenimento é sobre furar bolhas. Não é só falar do que a gente gosta, não é só falar do que a gente vivencia, do samba, pagode, hip-hop, R&B, blues, mas ser essa apresentadora negra que fala de assuntos diversos. Eu acho que, inclusive, a luta do movimento negro durante muitos anos era para que nós pudéssemos falar de outros assuntos”, destacou a jornalista.

Filha de uma economista que foi mãe solo, Kenya herdou da mãe o gosto pela MPB, da avó o conhecimento do samba: “cresci nos quintais com a minha avó fazendo samba”, disse ela, além de ter uma padrasto que é fã de música sertaneja. O pai, um homem angolano, escutava reggae e também contribuiu para que ela tivesse acesso a outras sonoridades.

“Eu me sinto muito feliz em hoje ser uma jornalista musical e poder pautar tecno, poder pautar sertanejo, poder pautar samba, que eu cresci nos quintais com a minha avó fazendo samba, poder pautar hip-hop, que eu cresci ouvindo hip-hop, mas pautar aquilo que também foi apagado de nossa história. Porque o sertanejo, durante muitos anos, você pega a história do sertanejo raiz, lá na década de 50, 60, ele também era feito por pessoas pretas. Com a Beyoncé nessa nova era de Cowboy Carter, ressignificando as nossas narrativas e trazendo essa história de invisibilidade dentro do country, talvez isso seja um movimento global que chegue aqui no Brasil e faça com que mais artistas pretos se vejam e tentem entrar nesse mercado que, por enquanto, é majoritariamente branco”. lembrou.

A estreia na televisão

Quando entrou para a faculdade, em 2013, ao decidir entre cursar Direito e Jornalismo, Kenya Sade optou pela comunicação: “Tem tudo a ver comigo, as minhas grandes ídolas [sic] já eram grandes nomes da TV, tanto como Glória Maria quanto Oprah Winfrey”, contou.

Mesmo tendo como principais referências mulheres negras que atuavam na televisão, quando entrou na faculdade, Kenya não tinha planos de trabalhar no meio. “Não tinha pensado no universo da televisão. Mas por uma questão de autoboicote. Eu achava que era um lugar muito difícil para nós [pessoas negras]. Afinal de contas, somos de uma geração da década de 90 que a gente não se sentia tão representada, quer dizer, tinha uma ou outra grande jornalista, como a Zileide Silva, como a própria Glória Maria, mas eu achava que aquilo não era um lugar para mim. Então eu entrei muito pronta para trabalhar em revista, porque eu sempre gostei de moda, de comportamento. Só que a vida foi se colocando, e no terceiro ano da faculdade eu consegui um estágio na TV Cultura, que abriu diversas portas”.

Kenya revelou que seus chefes falavam que ela tinham jeito para as câmeras. “Eu acho que é muito sobre você gostar da câmera e a câmera gostar de você. Televisão é muito sobre isso, sobre você saber comunicar de uma maneira que todos vão compreender. Então meu chefe me falava, ‘cara, eu acho que você tem jeito’. E eu fui gostando daquilo porque eu acompanhava jornalistas fazendo reportagens na rua, no Hard News. Eu estive lá no impeachment, no golpe da Dilma. E aquilo foi me dando uma emoção de você pensar que você faz parte de um momento histórico. E aí fui estagiária, trabalhei lá durante dois anos, pautando cultura, gastronomia, mas ainda assim, num momento de Brasil que não estava pronto para nos receber, eu acho também que existe muito isso, assim, quando as pessoas falam que hoje tem muito mais pessoas pretas no entretenimento e no jornalismo e a TV tem sido esse espaço de reconhecimento, eu acho que a gente vive um Brasil diferente do que eu vivia em 2014″, pontuou.

Quando saiu da TV Cultura, a jornalista trabalhou como freelancer em revistas de moda reconhecidas. Em 2018, resolveu fazer um intercâmbio na Irlanda para aprimorar o conhecimento em Inglês e “para também conhecer outros países, entender o que as pessoas estavam falando, o que as pessoas de diáspora estavam fazendo”. Em 2019, ao voltar para o Brasil, passou a trabalhar na Trace Trends como programadora do canal, além de apresentar o podcast da Trace e de apresentar um programa do canal dentro do Multishow. Até que em março de 2022 fez seu primeiro Lollapalooza no Multishow.

De lá para cá, temos visto Kenya crescer e se tornar referência na televisão. Ela também fez a cobertura do Carnaval, que este ano passou a integrar o núcleo de entretenimento da TV Globo. E podemos nos preparar para ver muito mais, porque, no que depender da paixão pelo jornalismo musical e pela cobertura do entretenimento, vamos acompanhar a entrega de trabalhos de muita qualidade.




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